Os desafios do trabalho remoto. Como resolvê-los?

Pesquisa mostra que 60% das companhias admitem dificuldades relacionadas ao trabalho remoto – saiba como minimizá-las.

Foto: Sigmund no Unsplash

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NESTE ARTIGO

  • Trabalho Remoto: os desafios e as dificuldades ainda enfrentadas

  • Trabalho remoto: 8 desafios enfrentados pela gestão

    • Tecnologias e infraestrutura em casa

    • Comunicação ruim entre os times

    • Funcionários trabalhando demais

    • Interrupções e distrações no ambiente de trabalho

    • Priorização de tarefas

    • Falta de motivação e engajamento dos colaboradores

    • Separar custos pessoais e profissionais

    • Legislação trabalhista

  • O trabalho remoto e a saúde mental dos colaboradores

  • Conclusão

Trabalho Remoto: os desafios e as dificuldades ainda enfrentadas

Entre os muitos reflexos da pandemia de covid-19, está a adesão das empresas, mesmo as mais tradicionais, ao trabalho remoto.

Segundo dados levantados pela pesquisa FIA Employee Experience (FEEx), 90% das empresas aderiram a alguma modalidade de home office a partir de março de 2020, quando as imposições de distanciamento foram decretadas.

Apesar de 91% dos funcionários avaliarem a experiência do trabalho remoto como ótima ou boa, parte das companhias (60%) admitiram dificuldades relacionadas ao novo modelo de trabalho, como disponibilidade de equipamentos (33% das empresas), adaptação dos funcionários (30%) e conexão com a internet (27%).

A questão é que a possibilidade de trabalhar de casa já se tornou parte da rotina de muitos profissionais e a volta ao escritório como era antes – de segunda a sexta, das 9h às 18h –, parece estar fora dos planos de grande parte das pessoas, e de muitas companhias também.

Uma outra pesquisa, agora feita pela Robert Half, com mais de mil executivos de empresas no Brasil, Alemanha, Bélgica, França e Reino Unido, destaca a tendência do chamado Work From Everywhere, ou trabalhe de qualquer lugar, em tradução livre.

Para 95% dos executivos entrevistados, o trabalho híbrido é visto como parte permanente do cenário de empregos.

Isso quer dizer que é crucial olhar para as dificuldades de gestão no home office. Veja, a seguir, as principais.



Trabalho remoto: 8 desafios enfrentados pela gestão

1)  Tecnologia e infraestrutura em casa

Replicar o ambiente de trabalho nos escritórios em casa apresenta alguns desafios: lugar dedicado ao trabalho, climatização, cadeiras e mesas ergonomicamente corretas e uma boa conexão com a internet foram e ainda são algumas das dificuldades que as pessoas enfrentam.

Outro ponto que pode dificultar o home office é a realidade diferente de cada funcionário. 

“Têm colaboradores que não têm internet de qualidade em casa, ou não possuem equipamentos apropriados, por exemplo”, explica Adriana Gomes, professora da Universidade São Judas Tadeu nas disciplinas de RH, contabilidade e mercado financeiro dos cursos de gestão e negócios.

Segundo ela, o papel do gestor é ser parceiro do time, ajudando no que for preciso e entendendo o que cada funcionário precisa na parte tecnológica.

A partir disso, a empresa deve avaliar como pode ajudar, com um auxílio de custo ou fornecendo os equipamentos. 

2) Comunicação ruim entre os times

“Esse é um grande desafio”, afirma Adriana.

Isso porque, as pessoas estão acostumadas a se relacionar pessoalmente, a andar pelos corredores do escritório e a dividir momentos de pausas, como na hora do café.

Segundo Adriana, não ter esses rituais tão comuns a todos, pode comprometer a comunicação e o engajamento.

Para ela, o líder precisa trabalhar para manter essa interação na equipe.

Isso pode acontecer por meio de reuniões mensais com o time, happy hours virtuais, eventos mais dinâmicos e conversas individuais.

3)  Funcionários trabalhando demais

Sem o tempo do deslocamento ao escritório e os horários estabelecidos de entrar, sair e almoçar, a tendência é que os profissionais trabalhem além do habitual.

Isso junto com todas as demandas pessoais, que se misturam com o trabalho no home office, pode levar à sobrecarga e, assim, ocasionar problemas mais sérios, como a Síndrome de Burnout.

Não é à toa que as doenças mentais aumentaram durante a pandemia.

Adriana aconselha que o RH olhe com atenção para isso, implementando ações que ajudem os colaboradores na melhor gestão do tempo e no controle das horas trabalhadas.

“É importante, também, olhar a legislação, pois existem limites. Isso inclui avaliar o controle de horas extras, se as equipes conseguem entregar tudo dentro do esperado e avaliar a produtividade do time”, explica.

Se, por exemplo, o time não tem conseguido entregar as atividades dentro do horário de trabalho, é hora de rever as demandas.

Nesse sentido, as conversas individuais são essenciais para entender a realidade de cada um. “Além disso, o líder deve ser compreensivo e empático”, afirma Adriana. 

4)  Interrupções e distrações no ambiente de trabalho

No home office, é comum as pessoas se depararem com uma série de imprevistos, como a  energia acabar, a internet falhar ou algo na casa precisar de um reparo.

Isso sem falar nas inúmeras mensagens – via whatsapp, slack, email e outros canais de comunicação corporativos – que chegam a todo o momento.

Um ponto que deve prevalecer no home office é a confiança.

Uma gestão baseada no comando e controle, com líderes que querem controlar todas as atividades da equipe e mandam mensagens a todo o momento, pode comprometer a produtividade e os resultados de todos.

“O alinhamento e a comunicação precisam ser bem definidos”, afirma Adriana. 

5) Priorização de tarefas

Com a pandemia, é comum ouvir relatos de profissionais dizendo que passam o dia entre um call e outro, como explica Adriana.

“Precisamos rever isso, pensar se faz sentido agendar reuniões para resolver todos os assuntos.

Às vezes, basta um e-mail para resolver algo”, explica.

Segundo ela, essa priorização vem de uma relação mais ágil entre gestor e colaborador, sempre pautada pela confiança.

Outro ponto importante, é o planejamento – que pode ser feito em conjunto com o líder. Quais as prioridades da semana? O que demanda um trabalho conjunto? O que pode ser feito individualmente?

Essas perguntas podem ajudar a priorizar tarefas e, assim, ganhar produtividade e tempo. 

6) Falta de motivação e engajamento dos colaboradores

“O engajamento é algo crucial quando falamos de produtividade. Um colaborador engajado entrega e desempenha melhor”, afirma Adriana.

Porém, manter essa motivação estando longe do escritório pode ser um desafio para muitas empresas.

Sem o contato diário, alguns profissionais podem se sentir mais afastados do negócio e, por isso, menos engajados.

Nesse sentido, é importante olhar o engajamento de outro ponto de vista, no qual a conexão afetiva e a liderança mais humana ganham força.

Isso quer dizer, estar próximo do time, mesmo que distante fisicamente.

Estudos do pesquisador europeu Wilmar Schaufeli mostram, por exemplo, que os líderes que dedicam tempo para conversar sobre o indivíduo, aumentam o engajamento médio em três vezes.

Adriana aconselha a realizar pesquisas de clima a cada três meses para medir como anda o engajamento e o que pode ser feito para melhorá-lo.

“Às vezes, os colaboradores têm uma percepção diferente e podem dar ótimos insights para a criação de ações e programas”, diz.

7) Separar custos pessoais e profissionais

Custos com internet, energia elétrica e alimentação devem ficar a cargo de quem? Como a empresa pode ajudar os profissionais nesses aspectos?

Nesse sentido, é essencial rever os benefícios e montar um pacote que atenda as demandas do trabalho em casa.

Por exemplo, se os funcionários não estão indo ao escritório, vale trocar o vale transporte por uma ajuda de custo para luz e internet. 

8) Legislação trabalhista

O teletrabalho está previsto e regulado apenas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), no artigo 75, incluído na legislação por meio da Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/17).

Segundo o texto da CLT, teletrabalho é a “prestação de serviços fora das dependências do empregador com a utilização de tecnologias” e prevê as negociações do tipo de trabalho em um acordo individual, o que pode dar margem a várias reclamações trabalhistas.

Dados do TST, entre março e setembro de 2020, mostra que foram registrados 263% mais casos nas Varas do Trabalho com os assuntos “teletrabalho”, “trabalho a distância” e “trabalho em domicílio”.

 

O trabalho remoto e a saúde mental dos colaboradores


Sete em cada dez pessoas tiveram algum sintoma de burnout desde que começaram a trabalhar em home office, segundo pesquisa feita pela plataforma Capterra com 418 profissionais.

Outro estudo, do instituto Ipsos, mostra que 53% dos brasileiros declararam que seu bem-estar mental piorou no último ano.

Os impactos do home office na saúde mental dos colaboradores varia muito de pessoa para pessoa.

Há as que preferem o trabalho em casa e relatam mais qualidade de vida, mas existem pessoas que acabam trabalhando demais e, por não conseguir separar bem a vida pessoal e profissional, sofrem com a sobrecarga.

E as pesquisas mostram que esse grupo é a maioria.  Nesse sentido, é essencial que os líderes estimulem o trabalho com qualidade, com pausas durante o dia, e com limite de horário.

Algumas empresas têm criado ações interessantes nesse sentido, como não marcar reuniões na hora do almoço, nem no final da tarde, manter conversas frequentes com o time, rodar pesquisas de clima e promover cursos sobre saúde mental.

 

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Fonte: Finn no Unsplash

Fonte: Finn no Unsplash


Conclusão

Ainda há muito pela frente quando falamos na adequação das empresas – e dos funcionários – ao trabalho remoto.

Mas uma coisa é certa: esse modelo de trabalho veio para ficar e as empresas precisam adequar a gestão e os rituais para que o engajamento dos profissionais continue, independentemente da forma de trabalho.

Um dos pontos essenciais para isso, é trabalhar a conscientização dos líderes para estarem próximos dos times, ouvindo, ajudando e apoiando nesse processo de mudança. 


Sobre o autor:

A Woke é uma startup que faz uso da tecnologia e dados para estar em todo ciclo de carreira do executivo e atua diariamente para mudar a relação de trabalho entre as pessoas e as empresas! 

Como uma peopletech, atuamos ao lado das pessoas com programas que as apoiam e orientam no processo de autoconhecimento e no desenvolvimento de novas competências, potencializando suas carreiras. 

Para as empresas, temos programas de evolução da cultura organizacional e desenvolvimento de liderança. Além disso, somos referência  em recrutamento de alta gestão, serviço em que unimos todos esses conhecimentos de pessoas e empresas para transformar os resultados das companhias com altíssima performance. 

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