Todas as empresas do futuro têm base tecnológica

Foto: FreePik

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O COVID-19 antecipou tendências que já estavam em curso. Há alguns anos fala-se da necessidade de transformação digital para a sobrevivência dos negócios, mas algumas empresas estavam prorrogando as mudanças. Porém, pensar como uma empresa do futuro exige essa adequação.

NESTE ARTIGO:

  • O que as empresas do futuro já estão fazendo

  • Os desafios e como ser uma empresa do futuro

  • A atuação do RH inteligente nas empresas do futuro


Com o início e a extensão da pandemia, companhias de todos os segmentos e portes – mesmo as mais tradicionais – precisaram se reinventar e mergulhar no digital para se manterem no mercado.

O home office, por exemplo, passou a ser realidade de empresas que, até então, não contavam com a prática, e algumas competências ganharam força, como empatia; trabalho em equipe, mesmo distante fisicamente; colaboração; e resiliência.

Segundo pesquisa feita pela Robert Half com 1.500 executivos de empresas no Brasil, Alemanha, Bélgica, França e Reino Unido, a tendência é o chamado Work From Everywhere, ou trabalhe de qualquer lugar, em tradução livre.

Para 95% dos executivos entrevistados o trabalho híbrido é visto como parte permanente do cenário de empregos.

Os principais benefícios desse modelo, segundo os entrevistados, incluem a criação de oportunidades de melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional e redução de custos de escritório.

Isso reforça que o futuro tem base tecnológica e as empresas precisam rever suas estruturas e rotinas pré estabelecidas.

A tendência é a transição do modelo industrial, com uma linha de produção sequenciada, para um ambiente mais fluido e ágil, que combina áreas que trabalham juntas, e profissionais autônomos – de todo o mundo.

Isso quer dizer que os RHs precisam aprender a manter e engajar uma força de trabalho que mescla CLT e freelancer, ao mesmo tempo em que pensa em políticas que consigam ser flexíveis para atender a diversidade de interesse de carreira, tendo em vista os diferentes perfis profissionais e o trabalho a distância.

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O que as empresas do futuro já estão fazendo

Algumas práticas se destacam nesse cenário, como pensar nos cargos de maneira mais fluida, aceitando mudanças e reinvenções.

Nada de estruturas fechadas e caixinhas hierárquicas. Isso quer dizer que os cargos serão desconstruídos em tarefas, que são a forma mais sustentável de lidar com a força de trabalho homem-máquina.

A tendência das empresas do futuro é quebrar as estruturas. O que vai importar é a capacidade do profissional em tocar determinada tarefa, não o cargo que ele tem.

Sai o velho comando e controle e entra a colaboração. Isso vem acontecendo desde 2017, com a implementação dos squads e de metas compartilhadas.

Assim, antes de iniciar um projeto, é feita uma análise de quais pessoas devem ser chamadas para que o resultado seja efetivo e, no decorrer do período e de acordo com a necessidade, novas pessoas entram.

Hoje, 11 grupos, compostos por profissionais de diferentes áreas e níveis, trabalham dessa maneira.

Outra tendência das empresas do futuro é a desconstrução das jornadas de trabalho. O horário tradicional – de segunda a sexta, das 8h às 18h – dá lugar a possibilidade de novos arranjos.

Na Europa e nos Estados Unidos, o chamado job sharing, ou compartilhamento de cargo, já é um conceito bem difundido.

Uma pesquisa feita pela Robert Half mostra que, desde 2014, 48% das empresas do Reino Unido, por exemplo, já ofereciam esse formato.

Por aqui, isso começou em 2019 em um projeto-piloto da Unilever. Carolina Mazziero e Liana Fecarotta, até então diretoras de recursos humanos, sugeriram o formato de trabalho e a proposta começou a ser estruturada.

Em 2020, com o resultado positivo, a prática foi incorporada às políticas de gestão de pessoas.

Segundo informações da companhia, o job sharing complementa o pacote de ações de flexibilidade do trabalho, como home office e horário flexível.

O intuito é ampliar as possibilidades quando se fala dos novos modelos de trabalho.

A ideia central dessa prática é dar liberdade de escolha para o funcionário investir tempo em outras atividades, que podem ser networking, cursos de aperfeiçoamento profissional, empreendedorismo ou, até mesmo, se dedicar mais à família e aos filhos.

“As pessoas buscam, hoje, mais autorrealização, o que não vem apenas de uma atividade, nem só do trabalho”, diz Ligia Zotini, pesquisadora de futuro e fundadora do Voicers.

Outro movimento é a jornada de trabalho de quatro dias semanais. A primeira empresa que aderiu a esse formato foi a Microsoft no Japão, que viu sua produtividade aumentar em 40%.

Por aqui, a ação ainda é tímida. A startup Crawly é uma das poucas empresas que aderiu à prática.

Desde que foi fundada, em 2018, opera nesse formato e vê ganhos significativos de desempenho e produtividade.

Os desafios e como ser uma empresa do futuro

Segundo Lígia, a melhor maneira de as empresas acompanharem as tendências é acessando repertórios desse futuro, ou seja, ecossistemas que trazem cenários, pesquisas, tendências e experiências.

“Depois disso, é hora de experienciar essas novidades”, diz.

Para isso, o primeiro passo é elaborar mapas de transição e integração entre “onde estamos e para onde queremos ir”.

Mas Ligia ressalta que trata-se de um processo que deve ser feito aos poucos – de movimento para movimento.

“É muito difícil – e arriscado – dar passos muitos grandes", afirma.

Além disso, é preciso ter em mente que não se trata apenas da adoção de novas tecnologias e, sim, de novas maneiras de trabalhar e tornar os negócios mais competitivos, em conjunto com a reorganização de processos de trabalho e gestão de pessoas.

Isso passa, essencialmente, pelas pessoas, como explica Ligia. É preciso incentivar a inovação no time.

Ela explica que, por muito tempo, as empresas usaram processos e não as pessoas: eram os profissionais que aprendiam e se adaptavam aos processos.

Nas empresas do futuro, que usam os paradigmas ágeis e de design thinking, por exemplo, a dinâmica é oposta.

“Centra-se no humano e, assim, criam-se os processos o mais orgânicos e assimiláveis possível”, diz. Nas pesquisas feitas pela Voicers, fica claro que é do conjunto de pessoas que já são mais flexíveis, ágeis e inovadoras que nascem as ações. “Não há exemplos de lideranças que atuam no padrão antigo produzindo empresas inovadoras”, completa.

A atuação do RH inteligente nas empresas do futuro

Esse cenário joga luz ao trabalho do RH que, mais uma vez, precisa se transformar.

Para de fato contribuir para a transformação digital e para as mudanças recentes, o RH deve, primeiro, transformar a si mesmo.

Isso porque, apenas assim, vai conseguir influenciar as pessoas para o mundo digital e os novos propósitos da empresa.

Nesse sentido, o profissional de recursos humanos deve acrescentar em suas competências, a capacidade de gerir a experiência dos funcionários com a empresa e a percepção que os clientes vão ter com a marca para, assim, conseguir organizar informações que ajudem a gestão da empresa.

Ele tem o papel de ajudar o CEO a executar a nova estratégia do negócio, trabalhando informação e o desenvolvimento da experiência das pessoas.

“Se na pandemia, por exemplo, a área não conseguir trazer maturidade para a empresa ser acessível de qualquer lugar, mantendo o engajamento e o senso de pertencimento, isso precisa acontecer rapidamente”, afirma Ligia.

É preciso, ainda, se atentar a tecnologias como o big data. Por meio da análise de dados é possível, por exemplo, medir estatisticamente quais profissionais possuem o melhor perfil para tocar um projeto ou avaliar a possibilidade efetiva de redução de custos.

Fica claro que as empresas do futuro devem saber arquitetar estruturas de trabalho inovadoras, com o olhar atento às diferentes formas de análise da cultura atual, do feedback em tempo real, da leitura criteriosa de dados, e da adaptação e flexibilização de sistemas, para melhorar a experiência dos clientes internos e externos.


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Sobre o autor:

A Woke é uma empresa de executive search e desenvolvimento de carreira,  acreditamos que pensar em carreira não tem hora.

Nascemos em 2016 pelo inconformismo no modo de operar as relações de trabalho. O mundo está em constante evolução, a tecnologia impulsionou mudanças em diversos setores do mercado, e pensar as relações de trabalho não poderia ser diferente.

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